Jordânia. Petra para começar.

Se não fosse a má reputação do Oriente Médio no quesito paz, a Jordânia seria o número 1 do turismo. Hoje a capital é Amã, 300 quilómetros ao norte, mas Petra continua a ser o grande tesouro deste país, que mais parece uma pequena peça num gigante e complicado quebra-cabeças. Com apenas 89,2 mil quilómetros quadrados, a Jordânia faz fronteira com a Síria, o Iraque, a Arábia Saudita, Israel e a Cisjordânia. Mas, apesar da vizinhança instável, é um lugar bastante pacífico, onde o rei Abdullah sucessor do rei Hussein, que morreu em 1999, depois de quase 47 anos de poder se empenha em controlar o fundamentalismo islâmico e manter o equilíbrio entre a maioria palestina e as tribos beduínas naturais do país, de 5,5 milhões de habitantes. O povo é muito hospitaleiro e a segurança é total. Ou seja: vida de Indiana Jones, só no cenário. Todo o resto é pacífico. Não é em vão que alguns bares em Wadi Musa, pequena cidade perdida no sul da Jordânia, exibam cartazes do filme Indiana Jones e a Última Cruzada, de Steven Spielberg. Ali ao lado, a poucos quilómetros, esconde-se um dos cenários mais fascinantes já utilizados pelo director em seus filmes. Encravada no deserto da Jordânia, um país pobre de população beduína, fica a magnífica cidade de Petra, a antiga capital do povo Nebateu, que viveu na região há 2000 anos. A visão de Petra é uma daquelas coisas surpreendentes que guardamos para todo os sempre. Entre penhascos e desfiladeiros espalham-se construções impressionantes de uma cidade que, no seu apogeu, chegou a ter 30000 habitantes. E o mais fantástico é que as principais obras foram esculpidas na própria rocha do deserto. Petra já seria inesquecível apenas por isso mas, para chegar até ao centro, é necessário caminhar pelo estonteante desfiladeiro “Siq”, uma garganta de 1,2 km de extensão e 100 metros de altura, que torna a jornada ainda mais espectacular. Quando menos se espera, surge à nossa frente o monumento mais importante do lugar: o Tesouro. Trata-se de uma fachada em estilo helenístico com 43 metros de altura encravada na rocha. A segunda principal atracção de Petra, não menos interessante, é ainda menos acessível e fica à distância de uma escalada de 900 degraus a partir da praça central, por um trilho de terra e pedra: trata-se do Mosteiro. O esforço vale a pena, mas para os mais comodistas, os beduínos oferecem uma boleia nos táxis locais, uns burricos que, de tanto subir e descer, sabem o caminho de cor e salteado. Quanto a mim, num equilíbrio ainda mais arriscado que na tradicional ida a pé. Mas a história de Petra ainda não chegou ao fim. Depois de um descanso curto no hotel Wadi Musa alinhamos em mais desafio. Uma visita diferente a Petra, à noite! É fantástica e cheia de ambiente. Entramos mais uma vez pela longa e estreita garganta do Siq, desta vez iluminada apenas pela luz das velas e sonoramente enquadrada pelo silêncio só tocado pelos passos da caravana. Até que se desvenda à nossa frente de novo o Tesouro, o tal segredo que durante séculos estive muito bem guardado, agora num átrio iluminado por 1500 velas e emoldurado por música beduína e por chá de ervas. Deixamos Petra cedo pela manhã e seguimos para o deserto de Wadi Rum, para mais uma aventura, agora de jipe para conhecer os seus locais mais encantadores. Prometo continuar a história.