Duas horas de liberdade. Paris

Acabo de regressar de Paris, onde fui “em trabalho” como se diz, apesar de ser verdade. O tempo passa, as novidades surgem, e a cada momento surgem novas viagens, novos destinos, encantadores, e cada vez mais exóticos. Contudo, Paris mantêm o seu charme, não passa de moda e mantém-se atractivo para muitos milhões de turistas de todas as partes do mundo, cerca de uma média de 30/35 milhões de visitantes por ano, dizem.

Confesso sem receio que Paris não foi uma das minhas primeiras paixões. Na linha da frente sempre esteve, Barcelona, Nova Iorque, Londres, ou até outras como Buenos Aires. Mas, como dizia, as vontades mudam e o tempo provou-me que, afinal, Paris, é mesmo uma das belas cidades do mundo. Apesar dos seus incontornáveis, a Torre Eiffel, o Museu e as Pirâmides do Louvre, o Arco do triunfo e a Notre Dame, Paris é muito mais. Paris é vida, é multiculturalidade, é uma fonte inesgotável de energia e de inspiração.

Por tudo isto e mesmo indo “em trabalho” gozei de duas horas de liberdade, que me deixaram andar pelo “meu” Paris. Todos nós temos as nossas cidades, e eu tenho o “meu” Paris.

Do largo du Senat (Odeon, perto do Jardim do Luxemburgo) onde sempre fico, sigo em direcção a Rua Bonaparte – Place de Saint Suplice, para uma ida rápida à Maison de la Chine e à Shangai Tang. Um lugar encantador para os amantes do Oriente e uma experiência para os sentidos. Pelo caminho, detenho-me, admirado, num cartaz que transporta o nome nacional. Continuo até ao Boulevard de Saint-Germain de Prés para passar a ponte pedonal sobre o Sena. Paro um pouco para ver os artistas de rua e olho o rio. Percebo agora porque é que lhe chamam a Cidade-luz e como tem sido fácil manter esta mística viva. Com a vista da ponte, reconheço que deve ser uma das capitais mais bonitas da Europa.

Cruzo os Jardins do Louvre, vejo centenas de turistas entusiasmados, apresso o paço para passar o sinal verde na rua do Rivoli. Ao virar da esquina entro na Rue de Saint-Honoré, umas das minhas preferidas do “meu” Paris. Vou à Colette ver as novidades, detenho-me nalgumas montras e paro para um café quente no Café com o mesmo nome da rua. São os locais como este e toda esta atmosfera que, não obstante as muitas centenas de guias e reportagens que têm sido escritas a seu respeito, ainda faz com que valha a pena investir tempo, energia e dinheiro numa nova viagem a Paris. É bom estar aqui!



Pago a bebida e prossigo. A rua de Saint-Honoré é inesgotável de novidades e glamour. Chego à Place de La Concorde e olho para o relógio. As minhas duas horas de liberdade estão a chegar ao fim. Apanho o metro e as novidades sucedem-se a um ritmo eloquente. Um concerto improvisado no subsolo alegra o dia cinzento da rua. Abrando o paço e quando me apercebo, já uns minutos passaram. Momento único de prazer. Dei por mim neste instante, muitos anos depois da minha primeira visita a Paris, fascinado por esta cidade. Apanho o metro para La Defense, entro no Palácio de Congressos e momentos passados, dou por mim já mergulhado na verdadeira razão de ali estar, deixando lá fora, já esquecida, a grande cidade. Voltarei em breve.