
Carta do paraíso.

Quem vê Goa, não precisa de ver Lisboa. Fuga à província de Goa e a Bombaim

Uluru (Ayers rock), Australia. De refugio espiritual à experiência do centro vermelho australiano.
O Parque nacional de Uluru-Kata Tjuta, é terra de gente aborígene, os donos tradicionais do Uluru, os Pitjantjatjara e os Yankunytjatjara ou Anangu já nos tempos modernos. O maior postal ilustrado da Austrália é o famoso Uluru, ou Ayers Rock como todos o conhecem. Uma rocha monumental, única no espaço amplo do deserto vermelho australiano, com 3,6 quilómetros de cumprimento e um total de 348 metros de altura.
Acredita-se que dois terços da rocha continua enterrada no solo, esperando que os ventos fortes do deserto nos revelem mais mistério. Toda a gente o conhece pela sua cor avermelhada e por mudar de cor à medida que o sol se põe, revelando um conjunto de vermelhos intensos e escuros antes que se transforme num cinzento que acompanha a noite, já com algumas estrelas a compor o horizonte. O espectáculo repete-se de forma inversa ao amanhecer, apenas com alguns espectadores a menos, mas também por isso mais belo. De fenómeno natural passou rapidamente a fenómeno turístico, atraindo a curiosidade a espectadores de todos os lados do mundo e de todas as idades. Desde os anos cinquenta que move, primeiro curiosos, depois cientistas, agora turistas. Turistas que transformam o acontecimento numa romaria digna de ser observada. Na verdade esta rocha misteriosa oferece muito mais que bonitas cores, pois toda esta área possui um significado cultural muito importante para o povo aborígene local, os Anangu. Para esta comunidade aborígene, Ayers Rock, ou Uluru, como a baptizaram, e também nome do parque natural que rodeia a rocha, é um lugar de culto, um lugar sagrado, ligado às suas tradições ancestrais. Um passeio à volta do Uluru permite a visita a alguns dos pontos mais representativos da cultura deste povo, deixando-nos apreciar a suas cavernas e pinturas rupestres, em tempos utilizados em rituais e cerimónias.
Permitirá ainda contemplar Mutijulu, um lago formado por um furo natural e permanente de água, já no lado sul do Uluru. Segundo conta a Mala tjukurpa, a tradidicional lei falada do povo aborígene, resultou de um combate entre duas serpentes ancestrais Kuniya e Liru. O passeio completo pela base do Uluru dura 5 horas e dista cerca de 10 quilómetros. Para os mais aventureiros existe ainda a oportunidade de subir a rocha. Durante anos, subir ao Uluru era considerado o ponto alto de uma viagem ao grande centro vermelho da Austrália. O crescente respeito pelas tradições aborígenes tem porém invertido alguns hábitos. Subir ao Uluru vai contra as crenças espirituais aborígenes e o povo Anangu prefere que isso não aconteça, já que o percurso seguido pelos visitantes é associado às tradições ditadas pela Mala tjukurpa. Tratando-se da sua terra sagrada, o povo Anangu assumem-se como responsáveis por todos aqueles que andam pelo Uluru, e sentem bastante tristeza quando os visitantes se ferem ou morrem na rocha. O povo local chama aos que sobem a rocha os Minga Mob, e riem-se de longe dos que o fazem.
Ainda que o número de visitantes ao Uluru tenha crescido muito ao longo dos anos, o número pessoas que sobem a rocha tem decrescido. Mas o encanto do grande centro vermelho australiano ultrapassa esta grande rocha. Um grande espaço vazio, onde tudo é céu e terra vermelha, e a única direcção possível parece ser uma estrada infinita. As distâncias são longas e as viagens carecem de um planeamento eficaz. Uma visita ao centro da Austrália é uma magnífica experiência mas, mais que isso, foi o concretizar de um sonho de criança.



Subscrever:
Mensagens (Atom)